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Arquitetos: Gonzalo Bardach arquitectura
- Área: 280 m²
- Ano: 2022
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Fotografias:Rocío Carrillo, Pablo Casals Aguirre
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa Tamiz ("Peneira" em espanhol) tem como premissa a luz como material, explorando as diferentes emoções que os seus filtros produzem através de uma arquitetura de linhas simples, na qual a natureza atua como elemento gerador de espaços, e a sustentabilidade opera como motor da casa, para assim dar vida a espaços e atmosferas que ofereçam uma experiência sensorial.
Sua morfologia é concebida a partir de duas peças de pedra líquida perfuradas tanto na frente quanto nos fundos, fechadas em seus lados. Na frente, a abertura é trabalhada através de filtros para obter uma "peneira" de luz e gerar intimidade, e os fundos se abrem generosamente para o jardim principal, criando enquadramentos que enfatizam o olhar do morador. O térreo e o pavimento superior são conectados por dois pátios ajardinados cuja vegetação dilui o limite entre o interior e o lado de fora, dando protagonismo ao vazio onde a escada está localizada.
A luz, considerada um dos principais materiais da arquitetura, é a busca central deste projeto como elemento gerador de atmosferas, desenhando diferentes claros-escuros ao longo do dia de acordo com o movimento do sol, transformando os espaços. Começando pela luz filtrada na frente, em seguida, uma iluminação sutil graças aos pátios localizados no centro da casa, até culminar em uma iluminação mais intensa gerada pelas janelas localizadas na fachada dos fundos. Optou-se pela utilização de materiais em seu estado puro, concreto, madeira, ferro e vidro, permitindo tanto a criação de espaços únicos graças a seu aspecto caloroso, como uma manutenção muito baixa ao longo do ciclo de vida da casa.
A natureza é um dos principais conceitos da arquitetura de nosso escritório. Na Casa Tamiz, o projeto paisagístico foi considerado desde o início do processo, tanto no nível do térreo através de seus pátios e do jardim perimetral, quanto nos terraços que trazem a natureza para o pavimento superior e a cobertura. As plantas foram cuidadosamente selecionadas para criar um ecossistema que promova a biodiversidade.
O programa é distribuído em dois andares. O térreo é um lugar de união familiar, com espaços amplos integrados que incorporam o jardim para receber uma intensa vida social. O pavimento superior abriga o programa privado, onde estão os quartos e seus respectivos banheiros. O banheiro principal se abre para um jardim interno que incorpora a natureza e proporciona intimidade. Cuidou-se especialmente da criação e distribuição de cada espaço. Cada sequência e imagem são parte de um percurso arquitetônico, que começa no acesso, que te recebe e te convida a entrar, mas também a uma pausa, uma primeira "peneira" que produz a transição que leva aos diferentes ambientes, que culminam na sala principal, na qual a casa abre suas visuais e enquadramentos.
A sustentabilidade foi trabalhada a partir de um projeto bioambiental, através de uma implantação que leva em conta as orientações e o dinamismo do sol e dos ventos, a iluminação natural em todos os espaços e uma ventilação cruzada que permite manter o conforto térmico de forma natural. Além disso, uma cobertura verde com vegetação nativa, com todos os benefícios que isso implica, nos permite reduzir as superfícies pavimentadas, produzir oxigênio e absorver CO2, evitar o superaquecimento das coberturas, reduzir as variações de temperatura ao longo do ciclo diário, e também atua como um ótimo isolante térmico.
Em relação à eficiência energética, foram instalados painéis solares para o fornecimento de energia, bem como para o abastecimento do sistema de climatização. Como resultado, o projeto evoca uma escultura formada por duas peças de pedra líquida pousadas para contemplar a natureza, assim como o escultor Eduardo Chillida em suas obras, que serviu como referência de inspiração. A simplicidade prevalece em todas as decisões de projeto.